BEATO
MARTÍN MARTÍNEZ PASCUAL (1910-1936)
(Sacerdote
espanhol, mártir)
Victor
Tomás Henriques
Fotografias do Padre Martín Martínez Pascual, tirada
momentos antes da sua morte por fuzilamento.
Martín
Martínez Pascual
nasceu em Valdealgorfa, província de Teruel e diocese de Zaragoza, a 11 de novembro
de 1910.
Entrou
para o seminário menor de Belchite e continuou seus estudos no seminário maior
de Zaragoza até 1934/1935 quando ingressou na Fraternidade Sacerdotal de
Sacerdotes Operários do Sagrado Coração de Jesus. Foi ordenado sacerdote a 15
de junho de 1935 e recebeu a missão de ser formador no Colégio de San José de
Múrcia e professor no seminário diocesano de San Fulgencio.
Terminado
esse ano letivo como professor, fez uns exercícios espirituais em Tortosa, de
26 de junho a 5 de julho de 1936. Em seguida foi de férias à sua aldeia, e ali
foi surpreendido pela perseguição religiosa que se iniciou.
A
18 de agosto de 1936, pela manhã, as milícias republicanas e comunistas
detiveram todos os sacerdotes que se encontravam em Valdealgorfa. Ao não
encontrar Martín, prenderam o seu pai. Imediatamente, a família informou
secretamente o Pe. Martín para que fugisse. Mas, este quando soube, foi
entregar-se ao Comitê local dos milicianos: Um miliciano seu amigo, ainda o
quis demover nas suas intenções, pedindo-lhe que fugisse. Mas o Pe. Martín
diz-lhe que não podia consentir que o seu pai padecesse por ele, e que queria
sofrer a mesma sorte que os outros sacerdotes. Já no Comitê, este miliciano
ainda procurou salvar Martín, dizendo que se tratava de um jovem estudante. Mas,
ele confessou abertamente que era sacerdote, e deu ao seu amigo um forte
abraço, pedindo-lhe que o transmitisse aos seus familiares. “Eu quero morrer
com os meus companheiros”, dizia.
De
imediato o levaram a pé até à praça da aldeia, onde subiu para cima de um caminhão
na companhia de outros cinco sacerdotes e nove leigos (foi de cima desse caminhão
que o fotógrafo russo imortalizou a imagem do futuro Beato da Igreja Católica!)
e seguiram na estrada de Alcaniz, onde os fuzilaram. Colocaram-nos de costas,
mas o Pe. Martín quis morrer de frente, como o vemos na fotografia. Antes de o
executarem, pelo simples delito de ser padre católico, perguntaram-lhe se desejava
alguma coisa. Pe. Martín disse:
“Eu vos
quero dar a minha bênção, para que Deus não tome em conta a loucura que estais
a cometer”.
E
depois de abençoá-los, gritou:
“Viva
Cristo Rei!”.
Era
o dia 18 de agosto de 1936, perto das 18h00.
Estas
imagens, estas fotografias, belas e fortíssimas, quase hipnóticas, foram tiradas
justamente momentos antes da sua morte por fuzilamento, por um, imaginem… um
fotógrafo russo, provavelmente um dos muitos comissários políticos que Estaline
enviou à Espanha na época. E o que vemos? Uma paz, um olhar tranquilo e sereno
que nos desarma. Ao invés de possível desespero, raiva ou fraqueza emocional,
tão comum à própria condição humana, perante o drama pessoal que se iria dar,
vemos uma serenidade, um olhar firme, uma postura corajosa que é simplesmente
impossível de não nos interpelar. Este jovem padre ia morrer assassinado. Ele
sabia-o bem. Alguns de seus colegas no sacerdócio tinham sido executados
pouquíssimos minutos antes. Mas olha o seu fotógrafo, cúmplice do assassinato
covarde, com uma serenidade só possível de quem perdoa e ama os seus inimigos,
como pediu Jesus. Quem é o cristão que pode ter medo da morte depois de olhar
estas imagens?
O
Pe. Martín Martínez Pascual foi beatificado na cidade santa de Roma, a 28 de outubro
de 2007, em conjunto com mais 497 mártires da perseguição religiosa ocorrida no
contexto da Guerra Civil Espanhola.
Que
contraste com este jovem padre - que não hesitou em dar a sua vida por Cristo -
encontro eu na minha vida de cristão, tantas vezes envergonhado de dar
testemunho de Cristo em público ou perante os meus amigos, com medo de ser
rotulado de retrógrado, homofóbico ou… imaginem a ironia… beato!!! E oxalá, nós
cristãos, consigamos os méritos suficientes em vida, para que possamos
verdadeiramente ser Beatos ou mesmo Santos! Pois se estes são os olhos de quem
vai morrer, eu atrevo-me a dizer que são os olhos serenos de quem tem a certeza
que sabe para onde vai e quem o espera!
Beato
Martín Martínez, tu que estás na Glória do Paraíso, ora por nós a Nosso Senhor
Jesus Cristo!
Fonte:
Blog Mártires de Espanha: martiresdeespanha.blogspot.com.br
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